Ilustração de Frank Xavier Leyendecker.
Mariposa Fantasma
Maria Thereza de Andrade Silva
Veio da noite, em voo palpitante,
Perder-se na quietude desta sala.
Num bailado letal e delirante,
Cresta na luz as asas cor de opala.
Voa; já nada enxerga o olhar faiscante.
Ama a luz, e essa luz há de queimá-la.
E, enquanto houver calor, estranha amante,
É cega e embriagada está… Deixá-la!…
Mas brandamente a luz se extingue, e morre…
— Que novo ardor as asas lhe percorre,
Para que dance ainda, alucinada!
Deixá-la. É cega! Que lhe importa a chama?
Inda sente o calor perdido, e ama,
E voa em torno à lâmpada apagada!
Em: É primavera … escuta. de Maria Thereza de Andrade Silva, Rio de Janeiro:1949, p. 93
Interessante!
Diferente!